TARIFAÇO - Ex-ministro Paulo Paiva comenta tarifas dos EUA, BRICS e cenário político brasileiro
Em conversa com a repórter Gabrièlle de Faria, o economista analisou os impactos das medidas do governo Trump sobre o Brasil, a atuação do Itamaraty e os desafios da democracia representativa.

O Programa Espaço Livre da Rádio Difusora FM 94.1 recebeu, em entrevista especial, o economista e ex-ministro Paulo Paiva, que conversou com a repórter Gabrièlle de Faria sobre os desdobramentos das novas medidas econômicas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus reflexos diretos na economia brasileira e no cotidiano da população.
Com ampla experiência na gestão pública, incluindo passagens pelos Ministérios do Trabalho e do Planejamento e Orçamento, além de ter presidido o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e atuado como vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Paulo Paiva trouxe uma análise aprofundada sobre o cenário global.
Durante a entrevista, Paiva abordou as recentes tarifas de até 50% impostas pelo governo Trump a produtos importados — incluindo produtos brasileiros —, classificando a medida como preocupante e com impactos negativos tanto para o Brasil quanto para os próprios Estados Unidos.
“A instabilidade dessas decisões cria insegurança para investidores e consumidores. As tarifas elevam custos de produção, afetam o câmbio e, no fim das contas, encarecem itens básicos como pão, combustíveis e insumos agrícolas”, explicou.
O ex-ministro também criticou a volatilidade das decisões do presidente Trump, destacando que essa postura contribui para incertezas no comércio internacional e prejudica as economias mais vulneráveis.
Outro ponto discutido foi o papel do BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e as possíveis motivações políticas por trás da taxação imposta ao Brasil. Segundo Paiva, ao associar decisões econômicas a questões políticas, Trump rompe com uma tradição diplomática fundamental.
“Misturar política interna com comércio internacional é perigoso e prejudica a credibilidade das democracias. O Brasil, historicamente, separa bem essas esferas. A postura do governo brasileiro em manter a diplomacia e buscar alternativas comerciais foi correta.”
Durante a conversa, o economista também fez críticas à radicalização política no Brasil e no mundo, mencionando que movimentos populistas tanto da direita quanto da esquerda vêm desafiando as estruturas da democracia representativa.
“O Estado precisa funcionar para atender à população. Mas para isso, precisamos de governantes comprometidos com o diálogo, a responsabilidade e o interesse público, não com campanhas permanentes ou interesses pessoais.”
Natural de Inconfidentes (MG) — embora registrado formalmente em Ouro Fino —, Paulo Paiva deixou uma mensagem especial aos seus conterrâneos e incentivou a população a se manter bem informada e participativa, principalmente com a proximidade de um novo ciclo eleitoral.
“Já vi muitas fases turbulentas na política, mas sempre tenho esperança. Que o povo de Inconfidentes e Ouro Fino siga firme, com fé, consciência crítica e responsabilidade na escolha dos seus representantes.”
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