Sábado, 29 de Fevereiro de 2020 13:40
A história do Berrante
Cultura Brasileira
O berrante faz parte da cultura brasileira. Usado para conduzir o rebanho no posto durante o pastoreio, esse instrumento representa o folclore e uma parte da memória sertaneja. Hoje vamos mostrar para vocês um pouco da história do berrante e sua importância para o País.
O tropeirismo e o berrante
Para compreender a história do berrante, vamos começar falando do tropeirismo. Os tropeiros eram comerciantes na época no Brasil Colônia (1500-1822) que transitavam nas regiões hoje conhecidas como Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Minas Gerais.
O trabalho deles consiste no comércio de animais, principalmente, mulas e cavalos. Os caminhos que eles tinham que passar eram feitos de matas fechadas e outros obstáculos naturais que dificultavam a caminhada.
O berrante servia como facilitador da organização dos animais. A música criada a partir dele também era uma forma de distração. Como nessa época, todos que não moravam no litoral eram chamados de sertanejos, o berrante ficou associado a essa cultura.
Nos dias de hoje, esse termo se refere ao interior do Nordeste, onde os moradores são conhecidos pela resistência e força. Em algumas regiões do Brasil, o berrante pode ser chamado de binga, guampo ou buzina.
Os primeiros berrantes
No início da produção dos berrantes, o instrumento era feito a partir do chifre do boi do pedreiro, uma antiga raça cujos chifres podiam chegar até a 1,50m de comprimento. Mais tarde surgiram os berrantes com anéis de prata.
Características e como funciona a produção
Se você não convive com a cultura sertaneja ou country, provavelmente, já viu um berrante em alguma viagem ou mesmo na televisão. Se o berranteiro tocar o instrumento corretamente, ele pode ser ouvido até a 3Km de distância quando se está no silêncio.
Para chegar à perfeição, a produção começa com a escolha do chifre correto. Isso significa que ele deve ter uma determinada curvatura e não ser muito fino.
A primeira etapa consiste no corte, depois os chifres são amolecidos em água quente para que a moldagem se inicie e fique certa. Já frios, os chifres são colados com uma cola especial feita a partir do pó do próprio chifre. Como ele é um instrumento de sopro, o encaixe de chifres deve ficar perfeito para que o som não vaze.
As braçadeiras são usadas para reforçar as emendas. A ponta do chifre, chamada de bocal, é moldada em torno da ponta do chifre. Se essa ponta for mal feita, o som sairá ruim.
Curiosidades
o berranteiro de verdade nunca carrega o berrante pendurado. Outro fato interessante é que costuma se limpar o instrumento com azeite de mamona.
Tipos de toque
Confira um glossário rápido dos principais toques do berrante.
Toque de saída ou solta
Usado para despertar as pessoas e preparar a boiada para o momento de partir para começar ou retomar uma longa viagem.
Toque de estradão
Som utilizado para animar a boiada já que o caminho era sempre comprido e difícil.
Toque repicado
Melodia que lembra a marcha de um soldado.
Toque rebatedouro
Esse som significa perigo. Quando o berranteiro precisa tocar isso quer dizer que algum cavalo, boi ou mula se perdeu ou há algo estranho na estrada.
Toque queima do alho
Hora da bóia! O som é o aviso da parada essencial para os horários de refeição.