PORTAL DA DIFUSORA
Sexta, 02 de Dezembro de 2022 12:05

Dia nacional da Astronomia

Professor e Astrônomo Orlando Rodrigues traz um comentário especial

Imagem de Arquivo

Nesta sexta-feira (02) é lembrado o Dia Nacional da Astronomia.

 

O nosso colunista do Portal da Difusora e também comentarista do jornalismo professor e astrônomo Orlando Rodrigues traz um comentário especial.

"Em 2 de dezembro de 1825 nasceu o imperador D. Pedro II, data que passou a ser considerada como o “Dia Nacional da Astronomia” por justo motivo. D. Pedro II é o “Patrono da Astronomia Brasileira” e reconhecido como “O Magnânimo” porque era um intelectual que demonstrava interesses pelas artes, literatura e ciências, particularmente pela Astronomia. 

Mantinha estreitos contatos com outros intelectuais no Brasil e exterior, criou bibliotecas, observatórios astronômicos, museus, instituições de ensino e pesquisas. Foi um verdadeiro mecenas da Educação, da Cultura e da Ciênciaporque ajudava a manter essas entidades utilizando seus próprios recursos pessoais, como no caso do Imperial Observatório do Brasil, atual Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, criado por decreto de D. Pedro I, em 15 de outubro de 1827.

Para que o Imperial Observatório exercesse suas atividades, D. Pedro II, além de contratar os mais renomados profissionais, às próprias expensas comprou e cedeu equipamentos do seu Observatório particular, localizado na Quinta da Boa Vista (RJ). Inclusive, no Imperial Observatório mantinha um modesto dormitório para que pudesse passar as noites observando e pesquisando com os astrônomos.

 

A Astronomia brasileira possui raízes que remontam a 1500, isto sem desconsiderar as concepções celestes dos povos nativos do Brasil e das civilizações pré-colombianas, que são estudadas e pesquisadas pela Arqueoastronomia e a Etnoastronomia.

As primeiras observações astronômicas no Brasil foram realizadas em 27 de abril de 1500 pelo espanhol de origem judaica João Faras,bacharel, cirurgião, físico e astrônomo de bordo que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral.Entre 28 de abril e 1º de maio de 1500, mestre João Faras escreveu ao rei de Portugal, D. Manuel I, uma carta com as primeiras descrições astronômicas feitas em solo brasileiro, principalmente identificando a constelação do Cruzeiro do Sule ainda revelando a existência de um antigo mapa mundipertencente a Pero Vaz da Cunha, navegador português do século XV.

Naquele mapa mundiconstava a nova terra muito antes do suposto descobrimento e posse oficial feita por Cabral em 22 de abril de 1500, que havia denominado de Terra de Vera Cruz o atual Brasil. Esse importante documento se encontra arquivado na Torre do Tombo em Portugale identificado na História da Ciência como a Carta do Mestre João Faras, considerada como a Certidão de Nascimento da Astronomia Brasileira, assim como a “Carta de Pero Vaz de Caminha” é para o nascimento do Brasil.

A Carta do Mestre João Faras foi escritaem português e espanhol quinhentistaa descrição do que viria a ser, dentre outras narrativas astronômicas, a constelação Cruzeiro do Sul: “[...] estas estrelas, principalmente as da Cruz, são grandes, [...]; e a estrela do Polo Antártico, o Sul, é pequena como a do Norte e muito clara, e a estrela que está acima de toda a Cruz é muito pequena.”

De 27 de abril de 1500, com o Mestre João Faras, e passando pelo 2 de dezembro como o Dia Nacional da Astronomia em homenagem ao imperador D. Pedro II, a Ciência de Urânia no Brasil prossegue com a sua rica, maravilhosa e envolvente história.

 

Astrônomo Prof. Orlando Rodrigues Ferreira, do Polo Astronômico de Amparo e do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Ciência, Tecnologia e Sociedade (NIEPCTS) da Universidade Cruzeiro do Sul, especial para a Rádio Difusora Ouro Fino"

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