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Terça, 15 de Novembro de 2022 11:34

Brasil completa hoje 133 anos da Proclamação da República

Professor e sociólogo Isaias Pascoal comenta sobre este fato e os acontecimentos que provocam um repensar no país.

Imagem: TVBRASIL

Nesta terça-feira (15) é feriado nacional quando se comemora os 133 anos da Proclamação da República do Brasil.

Vamos agora um comentário sobre este fato e os acontecimentos que provocam um repensar no país. A participação é do nosso colaborador, professor e sociólogo Isaias Pascoal.

"No dia 15 de novembro de 1889 uma conspiração envolvendo parte da elite civil e o exército, comandado pela Marechal Deodoro da Fonseca, deu um golpe de estado, acabou com a monarquia, expulsou a família real e proclamou a República no Brasil. De 1889 a 1985 a presença das forças armadas na vida política brasileira foi uma constante, com tentativas sucessivas de golpes de estado e ações de força que instabilizaram o país e geraram violência, inclusive dentro das próprias forças armadas, geraram oposição muitas vezes entre elas, por exemplo, a proclamação da república foi uma ação do exército que não foi acompanhada pela Marinha que posteriormente se revoltou. 

Com o fim da ditadura militar em 1985 as forças armadas voltaram aos quartéis e se profissionalizaram recuperando o seu prestígio desgastado por 20 anos de exercício ilegítimo do poder, pensávamos que isso estava garantido, mas a radicalização política após 2014 e a intensa polarização subsequente e ao impeachment da presidente Dilma e a operação lava jato trouxeram de volta ao fantasma da intervenção militar, porque isso aconteceu?

Primeiro, em razão do profundo desgaste da política e de suas instituições, sobretudo do poder legislativo, dos partidos políticos e dos desmandos dos chefes políticos com a coisa pública, isso levou à uma descrença muito forte da sociedade, do sistema político e de seus agentes, abrindo caminho para propostas autoritárias e salvacionistas com forte apoio da sociedade civil.

Segundo, atuação lamentável em certos momentos do sistema de justiça brasileiro, sobretudo do STF, uma corte que errou muito, tomou decisões contraditórias e por vezes agarrada à preservação dos próprios privilégios.

Terceiro atitude ambigua das forças de segurança do país, que deveriam ter rechassado intervir no cenário político de forma clara e transparente, as forças armadas são forças de segurança, são instituições permanentes do Estado Brasileiro, não de governos, elas são baseadas na disciplina e hierarquia e são inaptas para a política, onde as divergências e as contradições são o DNA da essência política, mas lamentavelmente, parte delas e alguns de seus membros, não resistiram ao canto de sereia do poder e das benécies corporativas que lhes foram oferecidas, precisamos de forças de segurança profissionais, bem preparadas para propiciar aos cidadãos o bem maior da segurança pessoal e social.

Há muita coisa errada no Brasil, falta muito para colocar em prática o ideal da República, o respeito às leis, às instituições, à paz social e a estabilidade geral, sem isso, o ideal da República continuará a ser pálido e em alguns momentos muito deteriorado, nada substitui a participação esclarecida e consciente do cidadãos que são a base para qualquer República digna do seu nome."

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