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Quarta, 23 de Novembro de 2022 16:17

Projeto para construção de um artista contemporâneo

Projeto para construção de um artista contemporâneo

  

Tal qual a lenda da pintura, da primeira, by Gigés da Lydia, na Grécia, que usando um pedaço de carvão tentou fixar sua sombra sobre um muro.

Na arte, o homem é o protótipo do homem. Aquele que muda a forma e dá a vida. Aquele que cria a vida na arte. Aquele que cria arte e se reconhece. O homem, o ser, ascendente solidão aflita que necessita se perpetuar no tempo. Reivindicar sua parte na imortalidade. Aquele que cria ornamentos, alegorias, excrementos, vida e morte. Arte é crime, paixão e sexualidade.

Composto, recomposto, reconstruído e dissecado por Leonardo da Vinci. Humano, desumano, animal. O ser, o artista, criticado, endeusado, esquecido.

Aquele que percorre as ruas de onde nascem e florescem processos tão lúcidos e criativos de onde fervilha a produção cultural, em um percurso natural para novas mensagens que gritam no inconsciente efêmero e contemporâneo do computador. Aquele que escreve a história com seu sangue e vê que seu sangue é seu espírito e se libera dos tabus.

Aquele que sobe aos céus da Capela Sistina e cria o Deus artista criando o homem, Michelangelo. Desce ao inferno de Dante. Goya e busca o fruto exótico outro mar, Gauguin. Pássaros migrantes.

Aquele que come batatas nos quadros de Van Gogh e corta orelha ou se sacrificam com performances sadomasoquistas, ritualísticas, situacionistas em Viena como Hermann Nitzsch.

Clonado por Andy Warhol. Abrasileirado por Tarsila do Amaral. Percorre as caatingas com Portinari e se expõe performaticamente de saia, como Flávio de Carvalho em sua roupa de verão, desfilando e desafiando as ruas da metrópole Paulista.  Paulicéia desvairada.

O papel do artista na sociedade é o de não ter nenhum. Transcendente solidão aflita.

O artista, aquele que busca o ideal da Beleza nas esculturas gregas ou na graça sedutora nos quadros de Boticelli. Transformista, transformado, exposto ele ri com Miró e sorri o enigmático e eterno sorriso de Monalisa. Como Gustav Klimt cria artifícios, transformando anatomia em ornamentação e ornamentação em anatomia e percorre o delírio paranoico crítico e erótico do surrealista Dalí. Com Toulouse Lautrec os bordeis de Paris. Courbet mostra a origem do mundo. Rembrandt, Rubens e Renoir as grandes carnes gordurosas de suas modelos. Dürer, Louise Bourgeois, Mapplethorn o sexo masculino. Toda arte é erótica. O ato de criação é por excelência um ato amoroso.

Alguns como Christo querem vestir o mundo, outros como Helmut Newton querem despi-lo.

Os artistas vivem o inconsciente coletivo e a criação permanente. Ele é aquele que revela os espaços virtuais dos objetos cotidianos criando a realidade da arte cerebral. Marcel Duchamp. Recebe toque carinhoso das mãos de Rodin, o sofrimento homossexual sadomasoquista de Francis Bacon, o cubismo tranquilo de Braque e a exploração sexual e guerreira de Picasso.

Aquele que como Gaudi fazem cidades. Constroem igrejas, conceitos e partidos políticos. Joseph Beuys. Testemunhas de seu tempo.

Da geometria rigorosa de Mondrian, a sexualidade cristã do doente de Aleijadinho, o humor de Magrite, a sofisticação de Veronése, a sublimação azul de Yves Klaim até a sublime ejaculação de Pollok.

Ele que grita desesperado no quadro de Munch, anunciando a angústia dos novos tempos. Transcendente solidão aflita nas luzes e sombras de Caravaggio. Aquele que se fez Golias. Aquele que fez Medusa ou de Frida Kahlo com seus masoquistas retratos. A arte começa onde a natureza e a razão terminam.

 

Já foi clássico, impressionista, moderno, cubista, idealista, panfletário, libertário, comunista, fascista, revolucionário. O ser, homens e mulheres na arte. Brasileiros, americanos, africanos, chineses ou europeus, narcisamente retratados que antecipam novas realidades e percorrem o mundo. Contam histórias e criam mitos. Hoje, post-humanos, em ligações físicas com a caixa de pandora, descobrem novos códigos: A Caixa Preta. Desertos de distâncias insondáveis, florestas no cio de novas floradas, oceanos demoníacos e voluptuosos. A cor negra do conhecimento universal. Sinergia. A acumulação de energia proveniente do excesso de cultura e informação. A negra luz que brilhou em Ouro Fino, nos braços da Mantiqueira e se descobrem, novamente barrocos. Contemporaneamente presentes. Sempre, em construção.

 

 

Colunista
Emanuel de Gusmão dito Maneco de Gusmão é artista plástico estilo barroco contemporâneo. Nasceu em Ouro Fino e desde jovem desenvolveu seu lado artístico. Já em São Paulo, estudou Artes, conviveu com artistas e participou de várias exposições. Foi também professor de pintura na Penitenciária de São Paulo e nas prisões da França de Fleuris Merojis e Bois Darcy, país para o qual se mudou em 1990 e onde morou por 14 anos. Na Europa participou de exposições em alguns países e atuou como artista e professor. De volta a Ouro Fino criou a Caixa Preta, uma obra de arte utilitária: casa, atelier e galeria de arte, onde vive literalmente dentro da Arte.
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