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Quarta, 03 de Maio de 2023 10:00

Melancolia, tristeza e o Exílio de Caetano Veloso

Mas eu não sou daqui.......

Eu sou da Bahia, de São Salvador......

Eu não vim aqui para ser feliz!!

Cadê meu sol dourado?

                                                              E cadê as coisas do meu país?!

Poucos artistas na história da Música Popular Brasileira, conseguiram transformar um período de melancolia e tristeza profunda em arte e poesia. É o caso de Caetano Veloso e o seu álbum homônimo lançado em 1971. Época em que Caetano Veloso cumpria um forçado exílio na Inglaterra e o Brasil vivia uma tenebrosa repressão militar. Um período da história onde era proibido pensar. Caetano não tinha armas como os militares, mas tinha a arte e a genial frase "É proibido proibir".

          Caetano Veloso fazendo o seu famoso discurso no Festival Internacional  da Canção/1968.

Caetano Veloso desafiou a Ditadura Militar no Brasil, não precisou usar armas, mas usou a sua mente. Por meio de letras que faziam críticas ao nefasto governo dos militares.Vale lembrar que no final dos anos 60, Caetano Veloso já era um artista de renome no Brasil, já possuía três álbuns lançados no país."Gal e Caetano-Domingo/1967"," Caetano Veloso-Tropicália/1967" e"Caetano Veloso/1968". Por conta da sua arte e das críticas, Caetano Veloso foi "convidado" pelos militares a deixar o Brasil. Ameaças bateram na porta de Caetano Veloso, e ele decide optar por sua vida, e vai morar em Chelsea, centro de Londres, Inglaterra.

Nesse contexto, nasce esse belo e triste álbum. Caetano Veloso (1971), é o terceiro álbum solo do artista, editado pela Philips. O álbum reflete o estado de espírito de Caetano Veloso, afinal, Caetano se sentia sozinho e triste em Londres. Com saudades dos amigos, família, do Brasil e claro, da sua Bahia.


                                         Caetano Veloso durante seu exílio em Londres/1971.

Caetano passou o primeiro ano do seu exílio desanimado e triste, sentia muita saudade do Brasil. Apesar de ter circulado pelo mundo da música em Londres com seu amigo Gilberto Gil, "também exilado em Londres", nada parecia de fato animar Caetano. Porém, um dia Caetano foi abordado pelo produtor local Ralph Mace, que acabara de deixar a Philips Records, e recebeu a proposta para gravar um disco em inglês.

                                                           Caetano Veloso-Philips Records/1971.

O álbum é responsável por dar vida a vários clássicos de Caetano Veloso como, por exemplo, a linda "London, London" que anos mais tarde seria regravada pelo RPM, "Maria Bethânia" é dedicada à sua irmã, em sua letra Caetano pede que ela envie notícias do Brasil.

A linda e melancólica " London,London" expressa todo o sentimento de vazio que Caetano estava sentindo.


Em Maria Bethânia, Caetano pede que a irmã mande notícias do Brasil e dos amigos. 

"Maria Bethânia

Please, send me a letter

I wish to know things are getting better

                                                              Beta, Beta, Beta, Beta, Bethânia"



If you Hold A Stone, uma das músicas mais bonitas da carreira de Caetano.

A faixa de abertura"A Little More Blue" foi censurada pelo regime militar no Brasil. Os militares pensaram que a menção à atriz Libertad Lamarque na letra fosse uma alusão à liberdade do opositor do regime Carlos Lamarca. Em 2010, Caetano Veloso descreveria o álbum como"um documento da depressão"e diria que somente então naquele momento, ele apreciava a música que fizera.


Músicas:


1-"A Little More Blue" (Caetano Veloso)
2-"London, London" (Caetano Veloso)
3-"Maria Bethânia" (Caetano Veloso)
4-"If You Hold a Stone" (Caetano Veloso)
5-"Shoot Me Dead" (Caetano Veloso)
6-"In the Hot Sun of a Christmas Day" (Gilberto Gil, Caetano Veloso)
7-"Asa Branca" (Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira)

Créditos:

Caetano Veloso – vocal, violão
Phil Ryan – orquestração e cordas
Johnny Clamp – foto de capa
Linda Glover – design da capa

Colunista
Welker Magalhães, também conhecido como Kim reside em Belo Horizonte, onde estuda jornalismo, uma de suas paixões, mas desde criança sempre alimentou sua grande paixão: a música. Assim, começou acompanhando o mercado musical pelas FMs de BH, pelas lojas de CDs e após os 18, pelas noites dos circuitos de músicos mineiros e pelos shows nacionais e internacionais que sempre passam pela capital mineira. A música também acompanha seu outro bom gosto: a literatura.
*Os conteúdos e eventuais opiniões apresentadas nas Colunas da Difusora são de inteira responsabilidade dos respectivos colunistas.
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